Uma das atribuições do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), autarquia vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), é a proteção do rebanho bovino mineiro contra doenças que podem também afetar o ser humano.
É o caso do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH) desenvolvido pelo órgão e estabelecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A principal ação é a recomendação da vacinação dos animais contra a enfermidade e a declaração da imunização no IMA.
Outras atividades como captura de morcegos e realização de palestras também são desenvolvidas na expectativa de conscientizar produtores rurais sobre a doença e, dessa forma, promover a redução dos casos no estado.
Até o momento, o IMA contabilizou 81 casos de raiva no estado de Minas Gerais desde janeiro. Em 2022, foram registrados 125 casos de animais que testaram positivo para a doença.
“Esperamos que esses números caiam ainda mais, pois estamos nos empenhando em sensibilizar os criadores de bovinos e equinos da necessidade de vacinação, que é a principal forma de proteção contra a doença”, explica Daniela Bernardes, fiscal agropecuário do IMA e coordenadora do PNCRH no estado. Além da perda de animais, há o risco de transmissão para humanos.
Neste ano, a Secretaria de Saúde do estado (SES-MG) registrou a morte de um produtor rural, de 60 anos, da cidade de Mantena, no Leste de Minas, que teria manejado um bezerro que estava infectado por raiva.
A recomendação dos profissionais é não tocar em animais com suspeita da doença ou em morcegos. “A raiva é uma enfermidade que traz muito sofrimento para o animal contaminado e para o ser humano. É importante frisar também que a raiva leva à morte muito rapidamente”, completa Bernardes.
Ao identificar mordidas (espoliações) nos animais, normalmente no pescoço, lombo e garupa, o produtor deve informar o fato ao IMA que vai ao local fazer verificações sanitárias.
Os sintomas da raiva nos herbívoros são isolamento do restante do rebanho, dificuldade de engolir, tremores musculares, perda de peso, salivação intensa, falta de coordenação (dificuldade de permanecer em pé, andar cambaleante, quedas e dificuldades para levantar-se) e paralisia dos membros posteriores.
Educação para prevenção
O IMA tem se empenhado em levar conhecimento sobre a raiva ao maior número de pessoas possíveis. Técnicos do órgão promovem, com regularidade, palestras em associações, sindicatos e entidades de classe.
“Entendemos que a conscientização da população é fundamental para que consigamos controlar a raiva em Minas Gerais”, revela a coordenadora do PNCRH.
No fim de novembro deste ano, Jomar Zatti, fiscal agropecuário do IMA e especialista em captura de morcegos, participou do Simpósio de 120 anos do Instituto Pasteur, na cidade de São Paulo. O técnico apresentou um trabalho sobre a atuação do IMA no Vale do Mucuri no ano de 2022, quando quatro crianças indígenas Maxakali morreram com diagnóstico de raiva.
Na ocasião, foi realizada uma força-tarefa com IMA e SES para conscientizá-los por meio de palestras e conversas sobre o risco de tocar em morcegos. O IMA também realizou a identificação e captura de morcegos da espécie Desmodus rotundus, principal transmissor da raiva para os herbívoros.
Fonte: Agência Minas